O grupo guarani que chegou ao Espírito Santo era formado por uma líder religiosa chamada Tatãtxi Ywa Reté. Por volta de 1940, após a morte de um parente, o grupo decidiu mudar-se para o Rio Grande do Sul. Partiram para várias aldeias de São Paulo, onde permaneceram cinco anos. Depois foram para o Rio de Janeiro até chegar ao Espírito Santo em 1967.
No estado, passaram pelos municípios de Guarapari, Vitória e se estabeleceram em Caieiras Velhas, região de Aracruz. O caminho percorrido pelos Guarani foi repleto de desafios. Inicialmente, a saída do Rio Grande do Sul para outras regiões foi motivada por conflitos fundiários. Pressionados pelos fazendeiros, plantadores de erva-mate, os índios foram obrigados a sair de sua região em busca de novas terras. Nos estados de São Paulo e no Rio de Janeiro, trabalharam como agricultores para fazendeiros regionais. No entanto, novos conflitos se estabeleceram, pois os Mbya eram submetidos a duros trabalhos agrícolas, em rotinas exaustivas e sem remuneração, obtendo apenas parcos recursos para sua sobrevivência.
No Espírito Santo, um grupo dos Guarani instalou-se em Caieiras Velhas, município de Aracruz, e outro em Guarapari. Em 1973, o prefeito de Guarapari, Hugo Borges, prometeu terra aos índios em troca de que se apresentassem como atração turística para o município. Tal fato teve repercussão nacional na imprensa, pois se noticiava a existência de índios sendo explorados de forma vexatória.
Esse acontecimento deflagrou a consciência de que havia índios no estado, o que era negado anteriormente. Mesmo sendo vítimas da exploração do poder municipal, os Mbya passaram à condição de índios desajustados pelo regime militar. Nesse momento, o então chefe da ajudância Minas/Bahia da Funai, Itatuitim Ruas, esteve no estado e providenciou para que os Guarani fossem levados para a Fazenda Carmésia, em Minas Gerais, uma espécie de reformatório para índios. Ao mesmo tempo, reconheceu oficialmente a presença de índios no Espírito Santo, tanto Guarani como do povo Tupinikim.
Os Guarani na fazenda Carmésia, Minas Gerais
Na Fazenda Carmésia, os Guarani permaneceram entre 1973 a 1978, sendo separados dos demais grupos que lá estavam, como Pataxó, Krenak, Tupinikim, Pancararu, Karajá, Maxakali. Os Mbya, por inúmeras vezes, tentaram fugir do presídio. Estavam muito insatisfeitos com sua situação e se queixavam do intenso frio na região, das más condições da terra para o plantio, do trabalho forçado, da fome e do tratamento a que eram submetidos.
Após várias tentativas de fugas, os Guarani conseguiram retornar ao Espírito Santo, na região de Caieiras Velhas, no município de Aracruz, região a qual haviam se identificado. A retirada dos Mbya no estado ocorrera de forma estratégica, pois enquanto parte dos índios estava em Guarapari, outra parte estava junto aos Tupinikim, em Caieiras Velhas.
Cultura guarani
Os Guarani vivem em casas de estuque, construídas em regime de mutirão. Suas principais atividades de subsistência são a agricultura e o artesanato. Cultivam o milho, a cana-de-açúcar, o café, a mandioca, a batata-doce, o algodão, o abacaxi, o feijão, entre outros.
O artesanato é uma das principais atividades de sobrevivência dos Guarani. Eles confeccionam zarabatanas, paus-de-chuva, lanças, machados, chocalhos, leques, arcos, cestos, brincos, colares, pulseiras, bichos em madeira, como onça, jacaré, coruja, tucano, gavião, entre outros. Os principais recursos para a produção do artesanato provêm da mata, como sementes diversas, embira, taquara, embaúba, entre outros.
Guarani. Disponível em: https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Guarani. Acesso em: 07
ago. 2023.
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