Com
a chegada da Cofavi, em 1940, a empresa passou a explorar, com autorização do
Estado, 10.000 ha
de terras indígenas para a produção de carvão vegetal. A Cofavi constituiu-se na primeira grande
empresa a se instalar na região.
Iniciou-se o período de destruição da Mata Atlântica e pela entrada de
posseiros no território indígena.
Já
no final dos anos de 1960, a
Aracruz Florestal iniciou seus empreendimentos na região, adquirindo da Cofavi
os 10.000 ha
de terras indígenas que lhe foram entregues pelo Governo Estadual. Em
1967, encontrava-se instalado junto aos Tupinikim, em uma área isolada do
contato com os brancos, o grupo Guarani Mbya,
vindos da região sul do país. A instalação do grupo na região foi desde
o início perpassada de conflitos, de ameaças, de transferências.
A
chegada da Funai ao Estado não alterou as condições precárias a que essas populações foram submetidas, haja
vista que sua atuação esteve desde o início orientada de forma a viabilizar a
política desenvolvimentista militar.
Os
Tupinikim passaram a sobreviver da cata de caranguejos e mariscos no mangue à
beira do rio Piraquê-Açu, em 3.000 m2 de
terra, impedidos de caçar, pescar e plantar em seu território.
A partir de 1973, a questão em torno do
território indígena começou a ganhar repercussão nacional, o que levou a Funai,
por meio de seu Delegado Regional, João Geraldo Itatuitim Ruas, a transferir os
Guarani Mbya, juntamente com alguns Tupinikim, para a Fazenda Guarani, em
Carmésia, Minas Gerais.
Os
índios eram considerados extintos no estado. Embora identificados pela Funai
(1973), os Tupinikim continuaram a viver em estado de abandono. Sem qualquer
apoio jurídico, resistiram às condições desumanas impostas pela chegada da
empresa Aracruz Florestal S/A. Em 1975, a Funai reconheceu oficialmente a
presença dos Tupinikim no Espírito Santo.
Em
1967, o ano de instalação da empresa Aracruz Celulose coincide com a chegada
dos Guarani ao estado. A existência desse grande projeto industrial financiado
pelos militares simbolizava o progresso e a modernização que tentava deixar
para trás uma imagem de estado agrário.
Tal
processo de modernização era incongruente com a presença de povos indígenas,
considerados símbolos do atraso. O resultado não poderia ser diferente.
Iniciou-se uma intensa disputa dos índios contra a empresa pela posse da terra
que duraria quatro décadas.
Podemos
dividir a história da luta pela terra indígena no Espírito Santo em três fases.
A primeira, ocorrida de 1967, ano da implantação da Aracruz Celulose no estado,
ao de 1983, ano de homologação das terras indígenas.
A
segunda fase inicia-se em 1993, quando os Tupinikim e Guarani reivindicaram a
ampliação da área indígena, e dura até 1998, com a ampliação do território
indígena de Caieiras Velhas.
E
a terceira fase, iniciou-se em fevereiro de 2005, através da assembleia dos
dois povos indígenas para lutar pela ampliação de suas terras e romper o Termo
de Ajustamento de Conduta até 2010, ano em que foi homologada as terras
indígenas.
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