Pular para o conteúdo principal

Puris


Os Puris eram índios do tronco linguístico macro-jê e habitavam a região do Espírito Santo, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Eles viviam da caça, da pesca e da coleta de vegetais. Nos séculos XVIII e XIX, praticavam a agricultura de mandioca, milho, feijão, entre outros. [1] Os Puris eram nômades. 





As moradias dos Puris eram feitas de paredes de ripas leves amarradas com cipós. O teto era feito com folhas de palmeira ou palha de milho. Dormiam em redes de algodão.[2] As aldeias poderiam ser circulares, compostas por seis a oito moradias. Utilizavam os acampamentos rochosos como espaços religiosos de caça e de cemitério. Os homens dedicavam-se à guerra, à caça e à pesca. Já as mulheres cuidavam do preparo dos alimentos, da construção de cabanas, de acender o fogo. As mulheres produziam cestarias e redes de dormir. Elas elaboravam a cerâmica e eram responsáveis pelo preparo de bebida fermentada de milho.[3]

No século XVI, os índios Puris foram reunidos em aldeias, sendo uma em Benevente (Anchieta) com cerca de 6.000 indígenas, e outra em Nova Almeida, com mais de 8.000 índios.[4] Os jesuítas atuavam nas aldeias por meio da catequese. Cada uma das aldeias recebeu uma sesmaria de seis léguas de extensão. A de Benevente foi concedida por Vasco Fernandes Coutinho a 1º de dezembro de 1584.  A de Nova Almeida foi concedida pelo governador Francisco de Aguiar Coutinho em 6 de novembro de 1610, fazendo-se a demarcação em 12 de outubro de 1760.[5]

 Com a expulsão dos jesuítas do Brasil os índios foram declarados livres pelo Alvará de 8 de maio de 1758. Depois dessa lei, os índios passaram a trabalhar em milícias, quartéis, trabalhos de estradas, dentre outros. Pelos trabalhos efetuados, os índios não recebiam pagamentos. Dessa forma, era constante a fuga dos Puris para outras regiões.

Em meados do século XIX, os Puris foram aldeados próximos ao rio Castelo, no chamado Aldeamento Imperial Afonsino (1848), localizado em Conceição do Castelo. Segundo o Barão de Itapemirim, os índios eram 56 habitantes, chegando ao máximo de 90 índios. No aldeamento, foram construídas casas para os indígenas, moinho, olaria, paiol, forno e uma residência para o diretor. O aldeamento recebeu o nome de Afonsino em homenagem ao primogênito do imperador.

Os índios aprendiam os ofícios de ferreiro, pedreiro, carpinteiro. Dedicavam-se ao plantio de milho, feijão, mandioca, arroz e café. Criavam gado e possuíam um moinho. Essas atividades favoreciam o seu sustento. Em 1858, o aldeamento contava com 23 índios. Os outros haviam fugido e os que ficaram recusavam-se a trabalhar, segundo relatos do diretor Barão de Itapemirim. Os Puris resistiam ao aldeamento refugiando-se nas matas entre os rios Itabapoana e Itapemirim.



[1] COSTA, Henrique Antônio Valadares. Um pouco da história e da cultura puri. In: BENTIVOGLIO, Júlio(org.). História dos povos indígenas no Espírito Santo: os Puri. Vitória: Milfontes, 2017, v.1,p.57.

[2] COSTA, 2017, p.58.

[3] COSTA, 2017, p. 60.

[4] ROCHA, Gilda. Aldeamento Imperial Afonsino. Revista Cultura UFES, Vitória, 1979, p. 48-53.

[5] ROCHA,1979, p.48.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os índios Guarani do Espírito Santo

Onde estão e quantos são Os Guarani são 284.806 pessoas e estão distribuídas em 1461 comunidades, aldeias, bairros urbanos ou núcleo familiares nos quatro países. A maior parte da população Guarani – 85.255 pessoas – vive no Brasil, seguidos de 83.019 na Bolívia, 61.707 no Paraguai e 54.825 índios na Argentina. [1]                                   cestaria guarani Em nosso país, os Guarani localizam-se nos estados do Pará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.  Os antropólogos costumam dividir os Guarani em três subgrupos chamados: Mbya, Nhandeva, Kaiowa. Essa divisão ocorre a partir das diferenças linguísticas e culturais dos povos. No Espírito Santo, os Guarani  estão localizados no município de Aracruz, litoral norte do Estado. A população Guarani reside em territórios dos índios Tupinikim de Caieiras Velhas I e II, nas aldeias de Boa Esperança, Olho D´Á

Temiminós

  Temiminós                            Os Temiminós eram povos do tronco tupi, inimigos dos Tupinambás (Tamoios). Viviam da agricultura. Eram conhecidos como maracajás , ou seja, gato-do-mato. Os Temiminós ocuparam a atual região da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro e também a região litorânea do Espírito Santo. Os Tupinambás se aliaram aos franceses porque a eles era concedido melhor tratamento do que em relação aos portugueses, pois não eram vítimas de maus tratos e de injustiças. Em 1555, os franceses já estavam bem estabelecidos na ilha de Villegaignon e pretendiam fundar ali a França Antártica. Em 1557, Nóbrega propunha a fundação da cidade do Rio de Janeiro como forma de defender a região e impedir o avanço dos franceses. Mem de Sá pretendia fortificar o Espírito Santo como barreira para conter os franceses. [1]   Em 1567, os índios Temiminós liderados por Maracajaguaçu , ou o Grande Gato, lutaram contra os Tamoios e aliaram-se aos portugueses na luta contra os francese

Botocudos

        Botocudos e  P uris Os Botocudos também eram conhecidos como Aimorés ou Tapuia s. Os subgrupos dos Botocudos eram os Naknenuk , os Kraknun , os Pejaerum os Jiporok e os Pojixá [1] ,  os Näk-erehä, os Etwet, os Takruk-krak e os Nep -nep. [2] Habitavam as regiões do Vale do Salitre, nas regiões do rio Pardo e Jequitinhonha, na Bahia, do rio Doce e do rio São Mateus no Espírito Santo, da Serra dos Aimorés, em Minas Gerais [3] . Pertenciam ao tronco linguístico macro-jê. Eram caçadores-coletores e seminômades. Sua organização social baseava-se em pequenos grupos e a divisão do trabalho ocorria conforme a sexualidade. Sua religião centrava-se em espíritos encantados dos mortos. [4]   Por que recebiam esse nome?   Os Botocudos eram assim chamados devido ao uso dos botoques labiais e auriculares. Esses ornamentos eram feitos de madeira extraída de uma planta chamada barriguda. Depois de cortada em diversos formatos, era desidratada no forno, tornando-se leve e branca. Em seguida, o