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Botocudos

        Botocudos e Puris



Os Botocudos também eram conhecidos como Aimorés ou Tapuias. Os subgrupos dos Botocudos eram os Naknenuk, os Kraknun, os Pejaerum os Jiporok e os Pojixá[1],  os Näk-erehä, os Etwet, os Takruk-krak e os Nep-nep.[2] Habitavam as regiões do Vale do Salitre, nas regiões do rio Pardo e Jequitinhonha, na Bahia, do rio Doce e do rio São Mateus no Espírito Santo, da Serra dos Aimorés, em Minas Gerais[3]. Pertenciam ao tronco linguístico macro-jê. Eram caçadores-coletores e seminômades. Sua organização social baseava-se em pequenos grupos e a divisão do trabalho ocorria conforme a sexualidade. Sua religião centrava-se em espíritos encantados dos mortos.[4]

 

Por que recebiam esse nome?

 

Os Botocudos eram assim chamados devido ao uso dos botoques labiais e auriculares. Esses ornamentos eram feitos de madeira extraída de uma planta chamada barriguda. Depois de cortada em diversos formatos, era desidratada no forno, tornando-se leve e branca. Em seguida, o botoque era pintado com urucum e jenipapo, em forma de desenhos geométricos.[5] As crianças com sete ou oito anos de idade estavam preparadas para participar da cerimônia de furação das orelhas. Os botoques eram pequenos inicialmente e com o passar do tempo iam aumentando de tamanho.


Como viviam os Botocudos?

 

 As principais atividades econômicas eram a caça e a pesca, atividades exercidas pelos homens. A coleta era realizada pelas mulheres. Com a imposição dos trabalhos forçados, os Botocudos passaram a praticar a agricultura. Eram considerados hábeis caçadores.[6] Utilizavam dois tipos de moradias. Uma com estacas fincadas em círculos, cobertas por galhos e folhas. A outra, de caráter temporário, era composta de galhos de palmeira enterrados no chão, amarrados em cima, formando uma arcada, onde servia para pendurar objetos do grupo.[7] Usavam folhas ou também cinzas como camas para dormir e os povos aldeados usavam armações de troncos.[8] Os Botocudos utilizam flautas de taquara como instrumentos musicais.[9]

As mulheres faziam a construção de casas, a confecção de utensílios, a coleta, o preparo de alimentos, o cuidado com as crianças e o transporte de pequenos pertences. Os homens caçavam, pescavam, praticavam a guerra e eram responsáveis pela confecção dos botoques.



[1] PARAÍSO. Maria Hilda B. Os Botocudos e sua trajetória histórica. In: CUNHA, Manuela Carneiro da. História dos índios no Brasil. 2 ed. São Paulo: Secretaria municipal de cultura/FAPESP. 1992, p. 423.

[2] EHRENREICH, Paul. Índios Botocudos do Espírito Santo no século XIX. Vitória: Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, 2014.

[3] EHRENREICH, 2014, p.50.

[4] PARAÍSO. 1992, p. 423.

[5] PARAÍSO. 1992, p. 423.

[6] PARAÍSO. 1992, p. 424.

[7] PARAÍSO. 1992, p. 423.

[8] EHRENREICH, 2014, p.78.

[9] EHRENREICH, 2014, p.94.

 




 

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